quarta-feira, 24 de junho de 2009

Quando missões (não) te faz chorar


O homem é dotado de sentimentos, disso ninguém duvida. O tipo de sentimento, bom ou mau, é que pode variar. Nossos sentimentos afloram quando são estimulados. Quando vemos, por exemplo, uma criança sendo mal tratada ou qualquer outra cena torpe e vil, o sentimento que, geralmente, manifesta-se é a ira. Nosso senso de justiça grita dentro de nós. Porém, esse tipo de sentimento é facilmente expressado. Só mesmo pessoas duras de coração não reagem assim nesse tipo de situação.

É claro que existem pessoas mais “sensíveis” ou “sentimentais”, como preferirem. Essas expressões conotam aqueles que conseguem mais facilmente demonstrar as emoções. Falando mais francamente, me refiro aos seres que choram com facilidade (com facilidade mesmo).


Tem gente que chora assistindo filmes ou novelas, lendo livros ou histórias emocionantes. Tem gente que chora porque sente dor, física ou “espiritual”. Tem até gente que chora por “manha” mesmo. Há aqueles que choram quando veem as desgraças que ocorrem aos milhares neste mundo (pode ser um acidente de avião, uma catástrofe de causas naturais, a fome, a violência e por aí vai).


Porém, dificilmente a gente se pega chorando por aqueles que vivem (ou na pior das hipóteses, morrem) sem Cristo. Bom, é claro que quando vemos algum vídeo que mostra a Igreja Perseguida ou o trabalho missionário em regiões onde a perseguição religiosa é intensa, aí não resistimos (pelo menos eu espero que possa usar o plural, na esperança de que a maioria reaja como eu a esse tipo de imagens) e choramos mesmo ou, pelo menos, engolimos o choro, na tentativa de manter as aparências.


É uma realidade triste de assumir, mas, geralmente, é só quando vemos imagens “chocantes”, embaladas por um “musiquinha” um tanto quanto deprimente, é que nos comovemos, nos emocionamos, e, enfim, choramos. Chego à conclusão de que nossa mente e nossas emoções são por demais preguiçosas. Isso mesmo, elas só resolvem “trabalhar” quando são “estimuladas” por situações extremas.


Nossa revolta, nossa dor e até mesmo a nossa compaixão nem sempre afloram quando não há nenhum apelo musical ou visual que nos alerte sobre uma terrível verdade: o Inimigo tem tragado milhões de vidas.


Espero que fique claro que não estou criticando o uso desse tipo de estratégia para mover os corações em direção à obra missionária. O que eu questiono é dureza de coração (muito mais comum nos cristãos do que possa parecer) com a triste realidade de nossas cidades, nossos estados, nosso país, nosso mundo, no que tange ao grande número de não evangelizados.


Missões deveria mexer bem mais com as nossas emoções. Missões deveria nos incomodar, nos inquietar (assim como quando temos uma conta por vencer, mas não temos dinheiro para pagar). Missões deveria ser um dos assuntos das nossas orações diárias (supondo que todos tenham ao menos uma oração diária).


É claro que nem tudo o que dizemos (e isso vale para mim também) é fácil de ser exercitado, mas que comecemos falando, já é uma grande coisa! Vamos ao menos valorizar os momentos que Deus nos proporciona para exercermos o seu “ide”. Também vale aproveitar ao máximo os momentos missionários das campanhas de missões mundiais, nacionais ou estaduais.


Bom, que acima de tudo fique o alerta. É preciso repensar a nossa atitude com relação a missões. Rever nossos conceitos. Isso mesmo, caso a mocinha da novela das oito te comova mais que ver alguém longe de Cristo, é preciso fazer algo urgentemente! Exageros a parte, não vamos esperar por mais uma campanha de missões, por mais alguma produção audiovisual chocante, por mais um testemunho comovente para despertarmos. Pense em missões hoje. Comova-se hoje. Enfim, chore hoje por missões (ou pelos que ainda não receberam o dom gratuito de Deus, como preferirem).

sábado, 20 de junho de 2009

Mudando de Assunto

Jornalista precisa de diploma

Bom, eu sei que o foco do blog é missões, mas não posso deixar de manifestar minha total indignação com a decisão do STF de acabar com a obrigatoriedade do diploma para o exercício da atividade jornalística.

Eu até ia escrever alguma coisa, mas depois de ler o texto do meu professor Jairo Sanguiné, nem tem mais o que dizer.

Leiam o texto, por favor, e apiem a nossa luta!


sexta-feira, 12 de junho de 2009

Vovó Brand

Há uma pessoa que se sobressai de todas as outras que exerceram influência em minha vida: minha mãe, conhecida como vovó Brand. E eu me refiro a ela dessa maneira com muito carinho e amor. Ao chegar à velhice, minha mãe já havia perdido grande parte de sua beleza física. Ela foi uma jovem muito bonita – tenho fotografias dela para comprovar -, mas sua beleza clássica desapareceu. As condições inóspitas de vida na Índia, aliadas a quedas por fraqueza nas pernas e suas lutas contra o tifo, disenteria e malária reduziram-na a uma figura magra e corcunda. Os anos de exposição ao vento e ao Sol enrijeceram a pele do seu rosto, dando-lhe um aspecto de couro, e causaram rugas tão profundas e extensas como eu nunca vi em nenhum outro ser humano. Ela sabia muito bem que sua beleza desaparecera havia muito tempo e, por esse motivo, recusava-se terminantemente a ter espelhos em casa.


Aos 75 anos, enquanto trabalhava nas montanhas do sul da Índia, minha mãe levou uma queda e fraturou o quadril. Ficou caída a noite inteira no chão, sofrendo dores, até que um trabalhador a encontrou na manhã seguinte. Quatro homens a transportaram montanha abaixo em uma maca feita de corda e de madeira e a colocaram dentro de um jipe, que rodou quase 250 quilômetros por estradas esburacadas. (Ela já havia feito essa viagem após ter caído do cavalo, de ponta-cabeça, em uma trilha rochosa na montanha, e também já havia sofrido uma leve paralisia abaixo dos joelhos).


Logo a seguir, programei uma visita à minha mãe em sua casa de taipa na montanha a fim de convencê-la a parar de trabalhar. Na época, ela só conseguia andar com ajuda de duas varas de bambu mais altas que ela, fincando as varas no chão e levantando as pernas a cada passo doloroso, para impedir que seus pés paralisados arrastassem no chão. Apesar disso, ela continuou a viajar a cavalo e acampar em povoados longínquos para pregar o evangelho, tratar dos enfermos e extrair os dentes podres dos camponeses.


Cheguei munido de argumentos convincentes para que ela se aposentasse. Não era seguro morar sozinha em um lugar tão distante, tendo de viajar durante um dia inteiro para encontrar assistência médica. A falta de equilíbrio e as pernas paralisadas representavam-lhe um risco constante. Ela já havia sofrido fraturas nas vértebras, nas costelas e no fêmur, pressão nas raízes dor nervos da coluna dorsal, concussão no cérebro e infecção grave na mão.


- Até mesmo as pessoas mais sadias do mundo precisam aposentar-se quando chegam aos 70 anos – eu disse, com um sorriso. – Que tal a senhora morar perto de nós, em Vellore?


A vovó Brand refutou meus argumentos por achá-los absurdos e repreendeu-me. Quem daria continuidade ao trabalho? Não havia outra pessoa nos limites da montanha que pudesse pregar, curar feridas e extrair dentes.


- De qualquer modo – ela concluiu -, de que adiantaria preservar meu velho corpo cansado se ele não for usado onde Deus necessita de mim?


Ela continuou lá. Dezoito anos depois, aos 93 anos de idade, ela deixou, com relutância, de montar seu pônei, porque estava caindo com muita freqüência. Os dedicados camponeses indianos começaram a transportá-la de uma cidade para outra em uma rede. Depois de mais dois anos de trabalho missionário, ela morreu, com 95 anos. Foi enterrada, a seu pedido, em uma cova rasa e enrolada em um lençol usado – sem caixão. Ela abominava a idéia de gastar madeira preciosa em caixões. E gostava do simbolismo de retornar seu corpo físico à terra ao mesmo tempo em que seu espírito era libertado.


Uma das últimas e mais fortes lembranças que guardo de minha mãe está no povoado das montanhas que ela amava, talvez a última vez que a vi em seu ambiente – sentada em um muro baixo de pedra que circunda o povoado e cercada de gente por todos os lados. Todos estão ouvindo o que ela tem a dizer sobre Jesus. Eles movimentam a cabeça em sinal de incentivo e fazem perguntas profundas, querendo aprender mais. Os olhos úmidos de vovó estão brilhando, e, em pé ao seu lado, posso visualizar o que ela deve estar enxergando através da vista enfraquecida: rostos com ar compenetrado olhando com absoluta confiança e afeição para aquela mulher que eles aprenderam a amar.


Apesar de minha relativa juventude e vigor e de meus conhecimentos especializados na área da saúde e em técnicas de agricultura, sei que jamais teria condições de atrair esse tipo de devoção e amor que ela conseguiu atrair. Eles estão olhando para um rosto marcado pelas rugas, mas sua pele enrugada torna-se diáfana e ela irradia um espírito fulgurante. Para eles, ela é linda.


Vovó Brand não precisava de um espelho feito de vidro e cromo polidos; ela possuía os rostos cintilantes de milhares de camponeses indianos. Sua imagem física debilitada tinha uma só finalidade: tornar a imagem de Deus ais reluzente, como se ela própria fosse um faro.


Escrito por Paul Brand e extraído do livro “Histórias para o coração da mulher”, organizado por Alice Gray (Editora Hagnos, 2003).

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Então me leva?

Não custa nada explicar


Pastor Francisco Mecenas




Vira e mexe alguma expressão lançada pelos programas televisivos vira moda. Não que eu seja chegada a esses programas, mas, inevitavelmente, acabo escutando as pérolas. Há algum tempo comecei a ouvir direto o tal do "mara". Era "mara" pra cá, "mara" pra lá. Depois, descobri quem havia lançado a moda. Era um personagem da série "Toma lá dá cá", apresentada pela Rede Globo às terças-feiras.


Mas o que isso tem a ver com esse post, não é mesmo? Eu já explico. A expressão que dá título a esse blog - Então me leva - é uma frase que acabou virando mania entre os jovens da Primeira Igreja Batista de Pelotas (PIB-Pel). Ao invés de dizermos "mara" para tudo ou qualquer outra expressão, do tipo "tô pagando", dizemos "então me leva".


Eu sei que dizer apenas isso não explica. Por isso vou tentar esmiuçar o caso. Nosso grupo participou, durante o último carnaval, do 44º Intercap (encontro realizado pela Juventude Batista do Rio Grande do Sul – Jubars - para reunir os jovens batistas de todo estado). O preletor deste ano foi o pastor Francisco Mecenas. Esse pequeno homem de Deus fez um tremendo sucesso no acampamento. Divertido, espontâneo e tremendamente inspirado por Deus.


Em uma das preleções, ele nos contou uma experiência muito bacana. Um membro da igreja que ele pastoreava o procurou para pedir oração por uma situação específica. Ele tinha uma entrevista de emprego no dia seguinte, mas o currículo dele não ajudava muito.


- Pastor Mecenas, eu preciso muito do emprego. Mas eu sei que meu currículo não condiz com a vaga que eu estou pretendendo. Ora por mim, para que, durante a entrevista, eles olhem o meu caráter e não a minha qualificação profissional.


O pastor Mecenas orou! E, no dia seguinte, lá foi o homem para a entrevista.


- O senhor é um homem de caráter? Perguntou o entrevistador.


- Sou, sou sim!


- O senhor é fiel a sua esposa?


- Sou, é claro que sou. Sou totalmente fiel!


- Quer saber do que mais- disse o entrevistador - o senhor está contratado! O que nós precisamos mesmo é de homens de caráter, não é mesmo?!


A empresa que contratou o homem era uma multinacional. A função dele era vender os produtos comercializados pela tal empresa. Ele se destacou tremendamente, o que lhe rendeu muitas bonificações. Um dia ele liga para o pastor Mecenas.


- Pastor, sabe onde eu estou?


- Não, meu querido. Onde você está?


- Eu estou esperando para embarcar em um cruzeiro para o Caribe, juntamente com a minha família. Eu ganhei a viagem como prêmio pelos ótimos resultados de vendas que tenho alcançado! Sabe, pastor Mecenas, o senhor faz parte disso, afinal foi o senhor quem orou por mim, para que eu conseguisse o emprego.


- Eu faço parte disso, é?! Então me leeeeeeeeeeeeeeeeeeva!!!!


O pastor Mecenas falou o tal do "então me leva" com tanta ênfase que não deu outra. Saímos da reunião repetindo o "então me leva". Depois disso, a gente sempre acha uma forma de usar a expressão nas mais diversas situações.


Porém, sem dúvida, o momento em que mais gostamos de usar o tal do "então me leva" é quando o assunto é MISSÕES. Deus tem plantado no coração dos jovens da PIB de Pelotas um desejo de fazer missões. Tanto, que um grupo de cinco jovens da nossa igreja estão mais do que confirmados para a Operação Jesus TRANSforma Serra Gaúcha.


Temos certeza de que Deus está à frente desse trabalho. Nós queremos fazer parte desse projeto que nasceu no coração do nosso Pai. Nós queremos ajudar na construção de um novo Rio Grande do Sul. Nosso anseio é que os gaúchos olhem para Jesus! Por isso é que nós dizemos “Então ‘nos’ leeeeeeeeeeeeva”.


Abaixo, segue a lista dos jovens da PIB de Pelotas que disseram “Então me leva” para a Trans Serra Gaúcha:


Anderson Alves Brignol


Ester Cherfan Ribeiro da Silva


Felipe Amaral Pereira


Raquel Brum Zarnotti


Zélia Machado Farias



Ah, durante o acampamento, eu acabei fazendo uma "tietagem"básica...